Os relatórios dos países incluídos na Conveção Internacional dos Produtores de Lúpulo (International Hop Growers’ Convention) apontam que, em 2020, a área global cultivada com lúpulos atingiu seu nível mais alto desde a colheita de 1997. A área mundial plantada para a safra 2020 mostra um total de 62.885 hectares (cerca de 40% nos Estados Unidos e 33% na Alemanha), um aumento de 1.306 hectares, em torno de 2,1% a mais que a safra 2019.
A maior expansão de área cultivada é novamente relatada pela região Noroeste Pacífico nos Estados Unidos, que apresentou mais 1.055 hectares, crescimento de 4,4% em relação a 2019. Totalizando 24.954 hectares de lúpulos plantados em 2020 no país. Sendo 79% classificados com variedades de aroma e 21% destinados para produção de alfa ácidos. As cinco principais variedades são Citra®, Columbus/ Tomahawk®/ Zeus (CTZ), Mosaic®, Simcoe® e Cascade.
A área cultivada na Alemanha aumentou em 269 hectares, totalizando 20.706 hectares (+ 1,4% em relação a 2019). Aproximadamente 55% de variedades de aroma, destacando-se Perle e Hallertau Tradition, e 45% para alfa ácidos, principalmente Herkules e Hallertau Magnum.
Outras regiões da Europa apresentaram áreas cultivadas estáveis (casos da Bélgica, França e Espanha) ou mesmo um declínio (Eslovênia, República Tcheca, Reino Unido).
A colheita é recente, na grande maioria, ocorreu no fim do mês de Agosto. Algumas análises faltam ser feitas. Os números são estimativos, mas muito acertivos. Entretanto, devido às condições climáticas favoráveis em quase todas as regiões de cultivo, uma safra com resultados em torno da média pode ser esperada para a Europa e a área do Noroeste Pacífico. Mesmo apesar das difuculdades geradas aos trabalhadores, impostas pela restrições de locomoção devido à pandemia, e a grande batalha que foi travada para a proteção das plantas contra fungos Verticillium (murcha), que foi o grande desafio do ano na maioria das áreas de cultivo europeias.
Perspectiva de mercado:
Contudo, nem tudo são flores, prevê-se um impacto crucial na situação do mercado. A pandemia Covid-19 e as instruções governamentais relevantes de bloqueio durante o segundo trimestre de 2020 causaram uma turbulência mundial, também na produção de cervejas.
É certo que o impacto não é uniforme na situação da indústria mundial de cervejas. Considerando que as cervejarias maiores, que vendem suas cervejas por meio de redes de varejo de alimentos, acabam por serem menos prejudicadas que pequenas cervejarias artesanais e cervejarias com consumo local, que parecem estar sofrendo muito mais com a situação Covid-19.
Neste contexto é possível que pela primeira vez, em muitos anos, haja mais oferta que demanda no mercado dos lúpulos. Pode-se considerar previsível que todo esse novo recorde na colheita 2020 encontrará uma demanda significativamente menor. Uma vez que a queda da demanda cervejeira deverá impactar no mercado de pré-contrato de lúpulos (a nível de preço e duração das variedades no mercado).
De momento, a disponibilidade de lúpulo no mercado cambial parece ser limitada (pelo menos conforme a situação contratual), pois mais de 90% de todo o lúpulo da safra 2020 está sob contrato de venda para cervejarias e grandes comerciantes. Nesta fase, é impossível prever até que ponto as cervejarias mais afetadas podem pedir o adiamento/ cancelamento dos seus contratos.
Em efeito cascata, o mercado do lúpulo sem contrato fica sob pressão, dependente do que acontecerá com os lúpulos contratados. Quedas de preços serão possíveis. Impacto que dependerá muito da variedade.
O relatórios das associações dos paises produtores presumem que variedades aromáticas tradicionais em grandes cervejarias, como Perle e Hall. Tradition, permanecerão com preço estáveis. Variedades de aromas especiais, mais utilizadas por microcervejarias, como Mandarina Bavaria, Cascade e Centennial, deverão sofrer diminuição da demanda com tendência de excesso de oferta, e queda de preços. Variedades de alto alfa ácidos, como Herkules, experimentarão uma pequena queda no preço. Outras variedades podem permanecer mais equilibradas ou sofrerem maiores perdas de preços, dependendo de fatores como teores de alfa ácidos, óleos essencias e, principalmente, dos estoques das cervejarias com safras anteriores.
O Fato é que todos tiveram e continuam tendo prejuizos, com magnitude exata ainda desconhecida.
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